Ainda penso no cheiro do café dela...
No cheiro quente e doce. No cheiro a pronto dos móveis da avó que faltava.
Não tive coragem para saber se era Delta o café mas, na verdade, o que me apetecia saber era sobre as saudades que tinha da avó.
Ele escreveu sobre o Marquês de Pombal. Sei tão pouco dele. Quase nem já sei o que lhe conheci das aulas de história.
E do Pedro. Como combinará ele as línguas? E os livros?
A Clara quer as histórias da sopa. Uma treta que inventei para que comesse a sopa de couves sem sono, sem zangas, sem dores de barriga…
Ele escreveu sobre o Marquês de Pombal. O que terá visto nele? Como não o ter largado por outros. E a poesia? Talvez esquecida..
Ainda penso no cheiro do café dela. E a ela também esquecida. Como a avó. A empilhar as chávenas para as guardar no móvel antigo e com brilho.
A Clara quer as histórias da sopa. Posso contar a que inventei no verão, antes das sestas da praia, a da pulga Pauleta. Ou a do Manelito. Mas ela quer mais.
Ele escreveu sobre o Marquês de Pombal. Podia ter escrito sobre um marquês. Podia ter escrito sobre um pombal.
E eu passo tempo a pensar neles, com o cheiro do café dela, a tentar inventar novas ideias, novas personagens para as novas histórias da sopa, para a minha filha Clara.
Nota: a imagem é uma linda ilustração do João Vaz de Carvalho
Mariana Jones
De Pernas Para o Ar
Visite a nossa loja online de Livros infantis em www.depernasparaoar.com